Eu e as palavras...

Estou com sono, mas preciso escrever a vida, e tem que ser agora.

Músicas, letras, intenções.
Livros, páginas, cadernos, folhas soltas.
Versos, poemas. Redes sociais, horóscopo. Astrologia.
Runas, tarô do amor, do trabalho, do sim ou não.
Igrejas, padres, pastores, guias espirituais. Homilias, orações.
Bíblia. Imitação de Maria. Imitação de Cristo.
Auto-ajuda. Cura interior. Cartões, lembranças, presentes, SMS.
E-mails, conversas. Diálogos, monólogos, debates, consultas.
MSN, Skype, Gtalk, comunicadores em geral.
Revistas, jornais, blogs, notícias, opiniões.
Vídeos, animações, literatura.
Séries, cinema, arte, expressão.

Eu não consigo parar. Eis o meu verdadeiro vício.
Em toda parte, procuro palavras em busca de certezas, mas só encontro respostas, interpretações e nenhum sossego.
Eu procuro em toda parte porque não consigo encontrar dentro de mim.
"Que lugar me contém, que possa me parar?"
Cheia de dúvidas, sigo.

Ao passo que sigo, espero.
Espero a meia noite, espero virar a página.
Espero trocar a home, atualizar o navegador.
Espero chegar a mensagem, espero a hora certa de mandar. Intimar, convidar, reagir, replicar.
Espero a resposta que não vem.
Espero a paz em forma de palavras que a ninguém importam mais que a mim mesma.
Palavras escritas ou ausentes, boas ou ruins.
Ah... A estabilidade das palavras, que trazem a instabilidade das ideias.
Ideias que não correspondem aos fatos... e o tempo não pára.
Não quero mais só a expressão do começo, nem a síntese do fim.
Quero um texto que dure a vida inteira, e não apenas passe por mim.

Quando falo e quando calo, escuto.
Se eu sufocar com pedidos e explicações, tradução de sensações
Suplicar ouvidos às minhas perguntas, questionamentos, intenções
Não pense jamais que quero prender
Quando peço palavras, só tento me libertar.

É bom...

Um velho calção de banho, um dia para vadiar
experimentando tudo o que é possível para viver um grande amor
e assim amar, ai de mim, muito mais do que podia amar
mesmo que haja dor do amor que teve fim, que foi ruim, sei que sim outro amor há de apagar
amar,
sentir-se fraco, peito extravasado, e com tudo isso que é capaz de confundir o espirito de um homem, perceber que amar é sofrer.
e o que é que tem sentido nesta vida?
a tristeza que não tem fim, mas que tem a esperança de um dia não ser mais triste não?
por isso eu só acredito em liberdade e estar sempre com saudade de viver um grande amor
E jà que a vida é pra valer - e não se engane não, tem uma só!
então, hei de morrer de amar mais do que pude.


Pela sinergia que existe entre librianos, filhos de Xangô ou poetas e súditos, me enchi da poesia de Vinicius de Moraes justo na semana que completa 30 anos da sua morte. Claro, não me lembrei disso enquanto ouvia repetidas vezes o repertório nos últimos dias. Foi intuitivo.

A poesia do Vinicius faz com que eu não me sinta de todo só no mundo.

Assim como ele eu acredito que o amor é a essencia. Do ser, do universo. O amor é a dor e o conforto. A solidão e a saudade. O amor é a coisa boa que une e equilibra.

Amar é ser completo.
E Vinicius amou.

Mulheres, amigos, musica, Xangô, poesia, Rio, Bahia, "coisinhas verdinhas de que eu gosto tanto", como disse uma vez em entrevista.
E eu busco essa completude.
Eu quero amar.
Sempre.
E muito.
Mesmo com a onipresença da tristeza - tão certa e segura da sua existência.

Essa semana os versos do Vininha povoaram meus pensamentos, tocaram meu coração, me fizeram bem. Porém, de tudo o que ouvi, o mais singelo e talvez menos significativo poema foi o que mais me provocou. Afinal, é o cenário perfeito para fazer crescer o amor tão sufocado pelas relações formais do cotidiano. É a comunhão entre homem e natureza.
Não é só bom. Deve ser sensacional...

...passar uma tarde em Itapuã, ao sol que arde em Itapuã, ouvindo o mar de Itapuã, falar de amor em Itapuã.


ahhhh poetinha...

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