É tempo de desligar o rádio.

Não que eu ignore o valor da música.

Mas desligar o rádio é preciso. É preciso ouvir o som do entardecer perto de sua casa. Deixar que o seu pensamento componha sua própria música, em uma orquestra da maior variedade que já se fez.

É preciso ouvir a música que vem de você. Aquela que você está compondo a todo momento, e que acaba se perdendo nos ruídos do rádio. A música do seu mundo, que vem da janela do seu carro, da sua casa. Feita de uma mistura improvável de barulho do motor, buzinas e gotas de chuveiro. É preciso ouvir o som do entardecer que existe no seu caminho de volta. Você conhece?

É preciso também desligar a TV. Desligá-la e abrir todas as janelas num fim de tarde com ar parado, como hoje. Escutar os latidos na vizinhança e imaginar que tipo de assunto pode dar tanto pano pra manga na cabecinha daqueles animais...

Hoje eu vi no jornal que os surdos se saem melhor em laboratórios, em atividades que exigem concentração. E fiquei pensando, por um momento, em como a surdez pode ser libertadora. Em como a anulação deste sentido pode criar novos paradigmas de percepção. Você já pensou nisso? Você quer desenvolver isso?

Quando seus dedos coçarem para desligar o rádio, não hesite. Você não vai encontrar um som tão real como aquele que só você ouve, só você entende e só pra você fará sentido. Não há letra de música, melodia ou arranjo que resuma a sua existência.
Desligue o rádio, hoje.

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