Faz tempo que não venho aqui.
Estou tímida, porque escrever parece sempre um exercício de auto-alguma coisa.
Auto-ajuda. Auto-conhecimento. Auto-promoção. Auto-depreciação (ou auto-bullying, para ser mais contemporanea...rs)
Para mim, escrever sempre foi uma forma de me sentir. Qualquer emoção, qualquer mesmo, precisava ser impressa no papel com uma bic. E mais tarde, em caracteres no word.
E o escrever veio de uma relação muito particular que eu sempre tive com as palavras.
Gosto muito delas.
Documentos, tratados, livros, cartas, cartazes. Palavras são registro de momentos que a memória não suportaria guardar, que a fala não ratificaria, que a criatividade não conseguiria materializar. Palavras são, para mim, compreensão.
Em incontáveis situações me compreendi em palavras. Colocá-las numa sequencia lógica e harmonica, rendeu textos que quando li, me fiz entender. Eu sempre escrevi para mim. Pelo menos quando escrevi sobre mim. Um ato egoísta, como se eu quisesse acreditar que as palavras são minhas - e somente minhas - companheiras, minhas parceiras nesse cuidar de existir.
Certa vez fiz um blog. Criei umas crônicas ingênuas, uns textos juvenis e divertidos para entreter. Sim, também gosto de brincar com as palavras. A gente tem essa relação íntima, que só os bons e velhos parceiros tem, onde nos permitimos brincar, rir, chorar, franzir a testa com duvida, suspirar com indignação. Tudo isso ali, no papel com a bic. Ou no word com caracteres.
Palavras estão comigo desde quando as conheci, quando as desenhei tortas e fora da linha nos caderninhos da pré-escola. Crescemos juntas, vivemos horrores e humores. E estamos aqui, novamente, num reencontro.
Escrevo quando estou comigo. Escrevo quando o cotidiano e as pessoas não me sentem e, por desaforo, também os deixo de sentir. Escrevo para tirar o peso, aliviar a dor, sentir o prazer e a alegria de existir. Tudo sempre num delicioso e provocativo diálogo. Eu e as palavras.
Há 14 anos