Cansado, o coração tinha pedido férias. Remuneradas com pouco significado: por enquanto, seria melhor assim. Sem pretensões e sem intensidade. Desgastou-se nos desentendimentos com o cérebro. Vingado, deixou a paixão de castigo. Sem alimento, até segunda ordem. Mandou o amor para uma ilha deserta. Sem passagem de volta. Lá ele ficaria, até que fosse forte o suficiente para vencer as marés. Na paz e na tranqüilidade, viveu a comodidade das emoções anuladas. Estava tudo bem, nada mais inquietava. Mas não podia viver sem poesia. Sofria sua ausência. Pedia inspiração. Tinha medo da morte Do pulsar em fraca velocidade Que fazia sua arte repousar. Veio um olhar na multidão. Um único olhar, entre tantos inquietos Assustou a poesia sonolenta. Pedia atenção. Queria versos. Que seria? Uma bênção? Um resgate? Uma digressão? Uma compensação? O que quer que fosse Fez sorrir Fez cantar Fez acelerar Trouxe de volta o significado Embora não pudesse significar O sentido virá? Os sentidos virão? Não se sabe... Não se espera... Na memória do beijo imaginado Na sombra do momento não vivido Na testemunha do encontro incomodado O despertar da poesia fez tudo valer a pena Novamente, a vida pela vida A arte pela arte.
Há 14 anos